Muito se fala da adolescência, que é por definição uma época de mudanças muito rápidas, que os filhos não conversam com os pais, que preferem estar no quarto sozinhos, ou então com o grupo de amigos... Já para não referir a recusa perante as sugestões dos pais, enfim! Um período mais complexo no que respeita ao turbilhão das emoções.
Parece-nos necessário, encontrar estratégias baseadas em modelos de parentalidade positivos para que os pais ajudem os rapazes a desenvolver uma linguagem emocional contínua e consistente, um canal de comunicação que potencie a negociação de lutas difíceis inerentes à adolescência, compreendendo as razões do medo da exposição e das suas vulnerabilidades, e não apenas a revolta que lhes é característica.
É certo, que alguns de vós estará a dizer, que as coisas estão a mudar, que há cada vez mais homens a assumir a vulnerabilidade, que desempenham o papel de pais atentos, que permitem a coexistência do carinho, da expressão das emoções e da masculinidade. Sim é, verdade, mas...
...mas, quantos jovens nós conhecemos que se escondem atrás de comportamentos de risco? A fazerem-se de duros? A não conseguirem estabelecer relações significativas com os outros? Todos conhecemos jovens assim! De alguma maneira, foram levados a acreditar que ser forte é não expressar sentimentos porque não foram educados a pensar e a agir de outro modo.
Precisamos de mais flexibilidade nos modelos parentais. Que os rapazes possam identificar-se tanto com o pai como com a mãe, permitindo que os rapazes se movam livremente em dois mundos distintos, sem receios do que o pai pode achar por estar a ajudar a mãe a fazer uma atividade doméstica, ou a poder expressar a sua tristeza, quando alguma coisa não corre bem. Esta flexibilidade emocional, vai permitir que os rapazes lidem melhor com as suas emoções e a conhecerem-se melhor.
A melhor forma de compreendermos os rapazes é sem dúvida pelo que eles são e não pelo que aparentam ou que gostaríamos que fossem.
Necessitam de identificar e nomear as emoções, compreender que determinadas situações dão origem a determinados estados emocionais, perceber que existe uma ligação clara entre a perda e a tristeza, a frustração e a raiva. As raparigas, são desde muito cedo encorajadas a refletirem e a exprimirem os seus sentimentos, muitos rapazes não recebem este tipo de encorajamento mostrando uma falta de consideração pelos sentimentos dos outros, em casa e mesmo na escola. Muitas vezes, os pais e as mães falam deste alheamento e ficam chocados com a agressividade e a raiva dos filhos ainda muito pequenos, gritam, batem...
Temos ainda a ideia de que os rapazes são independentes, confiantes e bem-sucedidos, e que raras as vezes se emocionam, ou choram. Continuamos a ver nos rapazes força onde ela não existe e continuamos muitas vezes a ignorar sinais evidentes de grande sofrimento. Na maior parte das vezes agem de forma impulsiva e são levados pelas emoções que desconhecem.
Precisamos de os ajudar a melhorar a sua capacidade de expressão, a aumentar o vocabulário emocional, incentivá-los a construir relações com significado, bem como a permitir que sejam eles próprios, sem que sejam vítimas das suas emoções turbulentas e desordenadas. Precisam ainda de um modelo masculino com uma vida emocional rica, devem aprender com o pai e outros modelos masculinos, mas também com a mãe, para que possam criar a sua identidade masculina baseada em diferentes modelos, mas rica no que respeita às emoções.
Os rapazes têm de compreender e acreditar que as emoções fazem parte da vida do homem. Todos temos um papel ativo em ajudar que sejam rapazes mais felizes!
Palavras-Chave: adolescência; rapazes; parentalidade positiva; comportamentos de risco; vulnerabilidade; flexibilidade emocional; capacidade de expressão, estados emocionais
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