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Onde está o meu “grilo falante”? – A importância das autoinstruções para crianças com PHDA

Foto do escritor: Jordana AzevedoJordana Azevedo

Na minha prática com crianças, gosto de utilizar histórias como recurso para ajudá-las a compreender melhor os seus desafios e a desenvolver estratégias para lidar com eles. A história do Pinóquio é um ótimo exemplo disso, o Grilo Falante representa a “voz interna”, aquela que nos ajuda a tomar decisões e a orientar o nosso comportamento. Muitos de nós tem uma “voz interna” que nos orienta no dia a dia, ajudando-nos na organização e no foco. No entanto, no caso da PHDA (Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção) este “grilo falante”, poderá estar ausente ou ter uma voz muito fraca, tornando as tarefas simples em verdadeiros desafios.



O que é o "grilo falante"?


O "grilo falante" é a metáfora para a nossa “voz interna”, que nos ajuda a planear e a organizar as tarefas.

Imagine que pede à sua criança para preparar a mochila. Para muitas crianças, isto acontece naturalmente: seguem uma sequência de ações guiadas por uma "voz interna". Por exemplo, pensam: "Primeiro, o caderno de ciências, depois o de matemática." Em crianças com PHDA, esta capacidade pode estar comprometida, dificultando a organização e a atenção e consequentemente conduzir a esquecimentos e a distrações frequentes.


Como a ausência de autoinstruções afeta a criança?


Sem esta "voz interna", a criança pode perder-se facilmente em tarefas diárias. Pode começar um exercício, distrair-se e esquecer-se do que estava a fazer, ou saltar de uma tarefa para outra sem terminar nenhuma. Esta dificuldade afeta não só o desempenho escolar, mas também a autoestima e a autonomia, gerando frustração e desmotivação.


Estratégias para ajudar no dia a dia


A boa notícia é que podemos ajudar as nossas crianças e jovens a encontrarem o "grilo falante", nomeadamente com o recurso a algumas estratégias:


  1. Ensino explícito – Incentivar a criança a verbalizar os passos da tarefa, por exemplo: "Agora vou abrir o caderno, depois pegar na caneta."

  2. Modelagem do comportamento – Os adultos podem dar o exemplo, ao narrar o processo: "Vou guardar este livro e depois limpar a mesa."

  3. Reforços visuais – Criar lembretes, como listas ou pistas visuais, para ajudar a recordar as etapas.

  4. Prática constante – Quanto mais a criança pratica, mais capaz será de organizar-se sozinha.


Conclusão -– Recuperar o "grilo falante"


Tal como o Pinóquio aprendeu a ouvir o Grilo Falante, as crianças e jovens com PHDA precisam de desenvolver esta "voz interna" essencial para a autonomia e sucesso. Este processo pode exigir tempo e esforço, mas com apoio e estratégias adequadas é possível fortalecer esta capacidade. Ao ensiná-las a desenvolver as autoinstruções, estamos a ajudá-las a ganhar confiança, foco e independência, preparando-as para enfrentar desafios com maior segurança e eficiência. Afinal todos merecemos encontrar o “grilo falante”.


Palavras-chave: PHDA, Défice de atenção, Hiperatividade, Foco, Atenção, Autoinstruções, Autonomia, Tarefas diárias, Autoestima, Frustração, Desmotivação.

 
 
 

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