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O apagão que mostrou ser possível entreter crianças (e adultos) sem ecrãs

  • Foto do escritor: Andreia Mendes
    Andreia Mendes
  • há 4 dias
  • 2 min de leitura

O recente apagão que deixou Portugal às escuras durante várias horas trouxe consigo muito mais do que rádios e velas acesas. Trouxe, inesperadamente, uma lembrança preciosa daquilo que a infância já foi – e ainda pode ser.



Sem acesso a ecrãs, internet ou dispositivos eletrónicos, muitas crianças saíram de casa, ocuparam as ruas e deram vida a um tipo de brincadeira quase esquecido. Inventaram jogos com paus, bolas, pedras e cordas. Andaram de bicicleta, brincaram às escondidas, ao quente e frio, jogaram raquetes, matrecos, ao quatro em linha, à macaca, foram buscar brinquedos esquecidos, encontram vizinhos e amigos na rua, interagiram, brincaram com os pais... Foi isto que ouvi contarem ao longo da última semana, felizes com este dia. Algumas até diziam: "Podia faltar a luz mais vezes, foi muito divertido."

 

Esta afirmação inocente carrega uma reflexão profunda para todos nós, adultos. Durante essas horas sem distrações digitais, vimos crianças a explorarem o mundo com curiosidade, criatividade e liberdade. Vimos também famílias conectadas no aqui e no agora, em pleno, com as crianças.

Para muitos adultos, foi uma viagem no tempo. Lembraram-se das suas infâncias – das tardes passadas na rua, das brincadeiras inventadas, do convívio espontâneo com os amigos da vizinhança. Foi um lembrete de que o essencial da infância não precisa de estar ligado à corrente.

 

Como terapeuta ocupacional que trabalha com crianças, este episódio reforçou algo que vemos no dia a dia: a importância do brincar livre, do tempo de qualidade em família e da ausência de estímulos constantes. Momentos assim ajudam a desenvolver competências sociais, emocionais e motoras que os ecrãs, por mais educativos que sejam, não conseguem substituir.

 

Talvez este apagão tenha sido um convite inesperado – um convite a desligarmos, de vez em quando, os aparelhos... e a ligarmo-nos uns aos outros. Porque quando a luz se apaga, há outra que se pode acender: a luz da infância verdadeira, vivida com presença, imaginação e afeto. Se foi possível nesse dia, é possível quando quiser. Brinquem mais!

 

Palavras-Chave: Terapia Ocupacional, Infância Sem Ecrãs, Brincar, Desenvolvimento Infantil, Tempo De Qualidade, Educação Sem Tecnologia 

 
 
 

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