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Foto do escritorRita Mendes

Comunicação Aumentativa e Alternativa

Atualizado: há 3 dias


Artigo de Opinião

(é só uma opinião, vale o que vale)


Outubro é o mês da Consciencialização da Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA)


Posso dizer que "sou do tempo" que pouco se falava da CAA. Tive o privilégio de ter um primeiro contacto ainda na faculdade, mas a formação em Portugal era escassa. Fiz parte da 2ª edição da Pós-Graduação de Comunicação Aumentativa e Alternativa, com visões diferentes das de agora.


Felizmente, agora, a informação é maior e de fácil acesso, mas nem sempre foi assim. 


Devemos a muitos colegas, pela sua coragem na divulgação e formação da CAA, mas também a todos os que pediram de forma desesperada e insistente pela formação nesta área (faço parte deste grupo no início da minha profissão).


Quando comecei a usar a CAA, tinha vários receios e medos. Estava sempre à procura de uma “receita mágica”, porém as questões eram muitas. Afinal:


  • "Os signos gráficos devem estar a cores ou a preto e branco?"

  • “Uso fotografia ou signo gráfico?”

  • "Qual é o melhor tamanho?"

  • "Com cor nas margens?"

  • “Quais as palavras a usar?”

  • “Peço autorização aos pais para usar?"

  • "Em que momentos uso?"


Todas estas dúvidas que tinha, transformaram-se na segurança de justificar e exigir a necessidade do uso da CAA. Esta não é, de todo, uma limitação para o surgimento da fala, mas sim um suporte.


A verdade é que não há receitas, e a única certeza é que a comunicação é um direito de todos, qualquer que seja a forma.


Obviamente, este tipo de celebrações são necessárias para quebrar barreiras, desmistificar e falar sobre. Ainda há um grande caminho a ser percorrido, contudo é preciso iniciá-lo, mesmo com medos.


Além de se falar e usar, o nosso papel principal passa por mostrar a todas as pessoas o poder desta ferramenta, capacitando-as para o uso da mesma.


A verdade é que a CAA é algo que não nos é inato e intuitivo e, se para nós terapeutas, levanta algumas dúvidas e receios…imaginemos para todos os que não têm conhecimento e/ou experiência?


Mas, se repararmos bem, a qualquer lado que vamos, estamos rodeados de CAA (autoestrada, shoppings, etc..) e usamo-la! Sim, repare bem! 


  • Quando vamos a um país em que não dominamos a língua, não procuramos usar as nossas competências não verbais (ex: gestos) para comunicar?

  • Não tentamos ler os símbolos no shopping para perceber onde está a casa de banho?


Afinal não é algo que é novo!


Muitas vezes questionam-me: será que é só mesmo exclusivo na intervenção do terapeuta da fala? 


Vamos a números:

  • Sabia que para uma criança neurotípica falar aos 18 meses de idade, terá de estar exposta à fala/linguagem por aproximadamente 4,380 horas por dia? 

  • E, no caso de uma criança que necessita de um sistema aumentativo, se for exposta a 20/30 minutos em apenas duas vezes por semana, precisará de 84 anos para ter a mesma experiência com o sistema de comunicação como a criança neurotípica à fala. 


Por isso, permitam-me responder-vos: não, não é só usada na terapia da fala. Deve ser usada em todos os contextos e por todos!


E quando não nos sentimos à vontade com a CAA? Estudamos, falamos e discutimos com colegas, fazemos formação e supervisão, experimentamos, erramos e voltamos a experimentar, ou até mesmo encaminhamos para outros colegas terapeutas. Nunca, em nenhum momento, alguma pessoa fica sem o seu direito de comunicar.


A CAA vai da aceitação ao uso, para nós habitual, mas sempre com olhares de estranheza para quem vê, e assustador para quem não conhece. O primeiro passo é usar, nem que seja com todos os medos na cabeça, mas com um sistema na mão. 


Pode começar com poucos gestos, pistas visuais, o que quer que seja! O segredo consiste sempre em procurar adaptar o sistema à realidade da criança e da sua família. Nunca um sistema é igual para todos!


Modele, seja persistente e não desista logo à primeira, segunda ou terceira. Se não usar, a criança nunca usará!


A CAA não é uma questão de moda! Deve ser usado por todos, e não apenas por terapeutas da fala e, claro…não só em outubro. Até porque a CAA não é um bicho papão.


P.S.: A CAA é mais do que a função de pedir. Mas isso fica para um próximo capítulo.


Palavras-Chave: Comunicação Aumentativa e Alternativa; direito; capacitação

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