O seu filho/a está constantemente a desafiar tudo e todos à sua volta. Se lhe diz que é para fazer alguma coisa de uma determinada forma, segue as instruções opostas. Está frequentemente envolvido/a em conflitos com os colegas e as suas idas à escola neste último ano foram imensas.

O comportamento de oposição caracteriza-se por um padrão de comportamento negativista, desafiante, que interfere de maneira significativa com a vida familiar, escolar, e social da criança e/ou adolescente. O início é tipicamente gradual e ocorre geralmente em fases precoces da infância sendo pouco comum depois dos 10 anos. Tem maior predomínio no sexo masculino em idades mais precoces, apesar de na adolescência a prevalência ser semelhante em rapazes e raparigas. No que respeita à possível causa existem várias: fatores genéticos, ambientais, e parece mais frequente em famílias que demonstram mais vulnerabilidade na imposição de regras e limites consistentes, isto é, definir e manter as regras lá em casa.
O comportamento de oposição caracteriza-se essencialmente pela criança ou adolescente discutir com os pais e outros adultos próximos (familiares) com frequência, desafiar ou recusar cumprir os pedidos ou regras, aborrecer as pessoas que estão à sua volta, culpabilizar os outros pelos seus erros ou mau comportamento, ser facilmente incomodado pelos que o rodeiam, sentir raiva e ser vingativo. É muito comum a existência de conflitos graves em casa com os pais, na escola com os professores e colegas. Os conflitos são mais frequentes com pessoas mais próximas à criança e/ou adolescente e têm tendência a aumentar, caso não exista uma intervenção precoce e adequada a este tipo de perturbação.
Por vezes surge associada a elevada reatividade, excessiva atividade motora, baixa autoestima e fraca tolerância à frustração.
Parece, contudo, necessário muito cuidado na forma como estes episódios acontecem, bem como analisar se não estão associados a fases do desenvolvimento da criança e adolescente em que este tipo de comportamentos são associados a períodos de transição e não correspondem ao comportamento de oposição.
Existem várias formas de tratamento que podem ser integradas, a farmacológica, a psicoterapia (individual, em grupo ou familiar), a integração da criança e/ou adolescente em atividades lúdicas, ou em programas/grupos que trabalhem competências emocionais e sociais. Salienta-se que os resultados obtidos com este tipo de tratamento, habitualmente combinados (farmacológica, psicoterapia e aconselhamento parental) é possível uma redução significativa dos sintomas até à idade adulta.
A família tem um papel basilar em qualquer uma das formas de tratamento, pelo que é fundamental que possuam informação adequada sobre esta problemática. A atenção para com estas crianças e adolescentes deve ser baseada numa atitude de maior apoio, empatia, proximidade, de forma construtiva, para que os comportamentos e atitudes menos adequados das crianças sejam extintos e substituídos por outros mais satisfatórios para todos os intervenientes neste processo.
Palavras-Chave: comportamento de oposição; desafio; conflitos; psicoterapia; aconselhamento parental; criança; adolescente
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