A era digital trouxe consigo inúmeros benefícios, mas também trouxe à tona preocupações sobre o impacto do uso excessivo de tecnologias no desenvolvimento infantil. Ao longo dos últimos anos, as tecnologias têm sido introduzidas cada vez mais cedo e são tão intuitivas que despertam muito a curiosidade das crianças mais novas, que, com um único gesto do dedo, podem ter acesso a imagens, jogos, vídeos e sons. Não é por acaso que muitas vezes ouvimos dizer “parece que já nasceu a saber usar o tablet”.

Uma das áreas que tem gerado grande interesse é a relação entre o uso de dispositivos eletrónicos e as dificuldades na motricidade fina em crianças. O desenvolvimento das competências de motricidade fina exige a coordenação de pequenos músculos das mãos e dedo e são muito importantes para a execução de movimentos necessários para algumas ações diárias, como escrever, desenhar, comer, vestir roupas, etc...
Na minha opinião, não é o uso das tecnologias que podem impactar no desenvolvimento destas competências, mas sim o tempo em estão a ser utilizadas. Porquê? Porque enquanto uma criança está a usar um telemóvel ou tablet, está a perder momentos em que poderia estar envolvida noutras atividades muito mais ricas a nível sensório-motor e que contribuiriam de forma mais estimulante para o seu desenvolvimento. No entanto, hoje em dia, até mesmo nos momentos de espera ou de aborrecimento o telemóvel aparece, certo? Quando era criança e não havia telemóveis como se entretia? Muitas vezes com pedacinhos de papel, pedrinhas ou simplesmente usava as suas mãos para serem carros, aviões ou pernas.
Já pensou, por exemplo, que ao utilizar os ecrãs touch, as crianças realizam movimentos amplos e superficiais, com menor exigência dos músculos das mãos e dedos e que isso pode levar a uma diminuição da força e da precisão nos movimentos? Que o uso constante de dispositivos eletrónicos pode dificultar a capacidade de segurar em objetos mais pequenos e mais complexos, como lápis e tesouras, de forma adequada?
Isto não tem de ser um problema, se as tecnologias forem utilizadas nas idades recomendadas e respeitando o seu tempo de uso. O equilíbrio será sempre a chave, mas cá entre nós… Eu apostaria mais em idas a parques, passeios de bicicleta, brincar aos cozinheiros, jogar à bola, apanhar pedrinhas e conchas… O telemóvel não consegue fazer isto, só mesmo você!
Palavras-Chave: Terapia Ocupacinal; Motricidade Fina; Desenvolvimento Sensório-Motor; Tecnologias
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